Introdução

A fratura dos metatarsais estão entre as fraturas mais comuns do pé. Dentre estes ossos, o quinto metatarsal é o mais acometido, e dentre as fraturas desse a osso, a maior parte está localizada na sua base. Essas fraturas são classificadas e tratadas de maneira diferente a depender da sua classificação e mecanismo de lesão. E as possibilidades de condução do tratamento ainda são amplamente discutidas na literatura.

Fratura da Base do 5o Metatarsal

Classificação

Normalmente são divididas em zonas I, II e III e merecem atenção individualizada. As figuras a baixo, demonstram a esquerda uma fratura e à direita as diferentes possíveis regiões:

Região da base do 5º metatarsal

Figura demonstrando de maneira esquematizada a região da base do 5º metatarsal, dividida em três zonas: 1, 2 e 3.

Anatomia Vascular

As fraturas da zona I e II possuem comportamento semelhante, principalmente por compartilharem de uma rede de vascularização muito parecida enquanto que as da zona III acontecem numa região de pior qualidade vascular, que dificulta a sua cicatrização.

Anatomia Vascular

Mecanismo de Trauma

Enquanto que a fraturas do tipo I e II estão associadas a traumas torcionais, sejam eles idosos ou em praticantes de atividades esportivas, as fraturas da zona III estão associadas à sobrecarga, e costumam ocorrer em pacientes com alta intensidade de exercícios de impacto ou pés cavos. Normalmente esses pacientes apresentam sintomas prodrômicos (prévios a fratura), que sugerem essa associação.

Por estar relacionada a sobrecarga, esse tipo de fratura é mais comum em jovens, praticantes de atividades esportivas de impacto, em especial corridas de longa distância e o futebol, mas outras atividades também estão implicadas na gênese dessa lesão. Esse tipo de fratura é considerada uma fratura por estresse pode ocorrer em outros locais do pé ou outras regiões do corpo.

Diagnóstico da Fratura da Base do 5º Metatarsal

Normalmente o diagnóstico é dado através do exame de raio X nas incidências anteroposterior e oblíqua após a realização da suspeita clinica dada através da história e exame físicos detalhados. Nas fraturas da Zona III, eventualmente se faz necessário a realização de exame de ressonância magnética para avaliar o edema na região em estágios mais iniciais ou tomografia computadorizada para avaliar o grau de esclerose óssea na região afetada.

Fratura da Base do 5º Metatarsal  | Dr. Rodrigo Macedo

Imagens de raio X na incidência oblíqua, demonstrando da esquerda para a direita, fraturas da zona I, II e III.

Tratamento para a Fratura da Base do 5º Metatarsal

As lesões da zona I e II costumam responder de maneira satisfatória ao tratamento conservador, sem cirurgia, na maior parte dos casos, seja com sandália ortopédica de solado firme ou através do uso de botas ortopédicas, a depender de outros lesões que possam estar associadas. A liberação de carga costuma ser imediata, conforme tolerância do paciente a dor. O uso de andadores ou muletas como suporte podem ajudar nos primeiros dias da lesão.

Sandália ortopédica e a direita uma bota removível

Imagens demonstrando à esquerda uma sandália ortopédica e a direita uma bota removível.

Em geral, um período entre 6 a 8 semanas, parece ser suficiente para que ocorra consolidação óssea. No entanto, em pacientes com fraturas na Zona III, muitas vezes, devido a alta demanda, o tratamento conservador, sem cirurgia, pode falhar, estando indicado o tratamento cirúrgico, de forma individualizada, a de forma a aumentar as chances de consolidação óssea e retorno precoce às atividades esportivas.

A opção normalmente utilizada nesses casos é a fixação intramedular com parafusos como na figura abaixo, associado a adjuvantes, enxerto ósseo, para estimular a consolidação óssea.

Imagens de raio X anteroposterior e oblíquo demonstrando fratura na zona II

Imagens de raio X oblíquo, perfil e anteroposterior demonstrando fixação de fratura na zona II com parafuso canulado

E a Reabilitação de uma Fratura da Base do 5º Metatarsal?

Esse é um cuidado especial que devemos ter, principalmente nas fraturas associadas à sobrecarga mecânica. O retorno às atividades deve ser precedido de cuidados com fortalecimentos e treinamentos específicos, visando melhorar a aderência do pé ao solo, de forma a diminuir a sobrecarga lateral, como demonstrado na figura abaixo.

Imagem demonstrando diferentes distribuições de carga no pé

Imagem demonstrando diferentes distribuições de carga no pé a depender da posição do pé durante a pisada, com alta concentração sobre a base do 5o metatarsal nas pisadas laterais.

No caso específicos dos jogadores de futebol, o ideal é associar à esses treinamentos o uso de chuteiras menos apertadas, com pinos ou travas mais distribuídos e com menor altura além de maior amortecimento no antepé. Esse amortecimento adicional fornecido pela entressola potencialmente dissipa a força durante o contato com o solo, reduzindo claramente a força máxima . No entanto, esses calçados diminuem aderência e podem diminuir desempenho, e não devem ser usadas de forma profilática.

Conclusão

A fratura do quinto metatarsal é muito frequente e pode apresentar diferentes padrões, com tratamentos diferentes, que vão variar a depender da localização, tempo de lesão, lesões associadas e grau de atividade do indivíduo. O tratamento pode ser com uso de órteses ortopédicas ou até mesmo procedimentos cirúrgicos.

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